Sobre esse lugar onde estou a escrever, tenho por claridade os candeeiros da iluminação.
À volta, a proliferação das imagens nomeadas, as coisas, a textualidade das coisas, a tensão dos caminhos. Ao fundo, os jardins permeáveis ao mergulho, os sentidos vivos à selvageria do sangue, a obscuridade e a verdade, ousadas em se travestir de palavra.

 
A voz que se revela é feminina, farta e veloz - borboletas em profusão -
Ela não me permite pausas, regressos, mesmo quando a indago - o que estavas mesmo a dizer ?

Trata-se de uma inteligência incorpórea e apocalíptica, que não aceita argumentações - quer ser ouvida plenamente em toda sua natureza.

E ainda que à sua realidade final nunca se alimente do descanso da poesia, sua velocidade me exige que eu escreva de uma só mão .

 






 
DENISE MATOS
Enviado por DENISE MATOS em 05/07/2019
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