Beijos molhados

No mar a água é salgada e clara

De alguma forma tudo é seco

E árido como plantação devastada

Como a cor do asfalto e o início do frio.

Sob as formas há escassez de gestos,

Falta horizonte em meio à densa penumbra,

A respiração é pesada e os insetos se alastram.

As plantas morrem à míngua,

O verde é pálido como a face de um morto,

A grama nasce com previsão de fim,

Na secura da vida a paisagem é desolada

E a poeira cobre os caminhos do homem.

Entre os argumentos destroços de

Um discurso parado,

A rotina atravanca as ilusões e mesmo os

Beijos molhados não têm gosto.

João Barros
Enviado por João Barros em 05/07/2019
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