Relógio
Lembro que meu relógio está parado,
Mesmo assim olho para o braço na velha intenção de
Contar o tempo em minutos,
Horas, dias, semanas, meses, anos,
Em estações, em ciclos que
Porventura se distribuem indefinidamente.
Meus olhos fingem que dormem enquanto
Minhas mãos tocam a memória
Em busca de uma lâmpada
Acesa distante no sonho
Além desse momento que me escondo
Dos bancos nos bancos vazios
Das praças vazias nas horas tardas
E de novo o tempo mostrando de forma
Difusa a aproximação perspicaz da
Noite com suas densas sombras
O meu relógio parado ou não conta comigo.