Vento
Vento
Forte a vergar,
não se sabe de onde vem.
Suave a silenciar,
nem para onde vai.
Canta com chiado
leve sem riscado;
Brame feroz
no coração atroz.
Uiva no meio da noite
sacode telhas e varre cada graveto;
Impulsiona qual açoite
a peça em larghetto.
Em funil se transmuta
por irar-se contra o destino;
Arrasta e arrasa a dama
qual furioso menino.
A chuva lhe obedece,
as gotas ferem a pele;
Diante de nada fenece
ao contrário, ganha estresse.
Após milhas percorridas
e pilhas destruídas;
Parece acalmar-se
mesmo desejando inflar-se.
Sonha em ter forma,
abandonar o espectro fluido;
Invoca o cosmos como norma,
revoga o ser líquido.
Segue seu destino
já com a força que se esvai;
Avança para o outro lado
à procura do Pai.
Sente-se vento. Sabe-se intento. Intui-se eterno.