Retorno
Em cada retorno
o mesmo canto,
o mesmo pranto,
o mesmo assunto,
Você sumiu?
Onde estava?
Ai! Que saco!
Em cada retorno
a mesma cidade,
nova de prédios,
velha de tédios,
a mesma vidinha,
o mesmo mendigo,
o mesmo semáforo,
Ai! Que saco!
Em cada retorno
o mesmo povo,
desocupado,
linguarudo,
falso,
Estava com saudades!
Mentira!
Ai! Que saco!
Em cada retorno
A vida que nunca foi,
presa na parede do quarto,
no canto da sala,
na saudade da mãe,
na vendinha da esquina,
na rotina da nossa sina,
mesmo que vamos,
e que retornamos,
Ai! Que saco!