_________________________________
AH, ESSA ALMA VIRA-LATA!
____________________________________________________
A vida me moldou,
me perfumou a alma
- vira-lata -,
onde sorrio de todos os imperativos.
Ah... a vida me fez cicatriz,
realista, sim;
poesia, com certeza!
Ah, essa alma vira-lata!
Atravessada por imagens arquetipais...
A vida me fez avessa
do calendário das rezas cotidianas,
me fez pluralidade do ser.
A vida me amputou da maneira
homeopática de viver.
Ah, essa minha alma vira-lata
que conhece o fluxo da existência,
os ritos funerários e
assumida em seu contrário.
A vida, ah!
Diante de mim
- vomitou o seu desdobramento à realidade comercial
imposta e alienada -,
talhou em mim um tempo mítico
que não aceita passivamente tudo à sua volta.
À sua maneira,
em sua impecável construção,
a vida me fez batalha temperada pela finitude,
solidificada pelo caos e poesia.