ESPAÇO DE SER
Criei um novo espaço, em condições
nas quais não depositava esperanças.
Criei caminhos, que se abriram em emoções,
despertas umas, esquecidas outras tantas.
E nesse espaço as palavras eram de uma doçura
onde não havia vantagens, nem prémios.
Apenas um remanso em caminhos boémios
despidos de enfeites, cruzados em vontade pura,
que aconteceu além das hesitações expressas em medos
e dos projetos de amanheceres vários,
das tecnologias nas pontas dos dedos,
palavras-passe, endereços, códigos binários...
Criei um novo espaço condicional, feito de tempo,
onde a vida não se escoasse rápidamente,
inflado dos segredos das coisas, e do seu alento,
um lugar além dos outros, onde descansar eternamente.
Um lugar onde a vida sempre me achasse
quando, em alguma eventual procura,
nas memórias um futuro sempre se mostrasse
como uma certeza, em palavras de ternura...
Setembro 2007