Há justiça na poesia?
Há justiça na poesia?
Há uma fixação pela justiça em mim;
uma compulsão que me faz injusto.
Pode, ainda, não ser o meu fim,
se tudo não passar de mero susto.
Ser poeta é colocar-se em desuso
com todas as cousas da vida virada;
Ser poeta é saber-se um tanto obtuso
para a vida, como o saberia a boa fada.
E lá vem o oito novamente,
o infinito que, insistente, se me exibe;
Deita-se e enrola-se como serpente;
nos meus sentimentos que inibe.
Justiça e amor, na vida essencial
tornam-se bem precioso, pois imaterial;
Ser tratado com repelência e rancor,
ah, fazem brotar dessa justiça e desse amor.
Os opostos talvez se atraiam
para num todo se amalgamar;
Dei-me de tudo nesta vida experimentar
para que meus retalhos vitais não se me caiam.