ESTRELA DALVA
Eu tinha muito a falar tal como as manhãs dizem
aos passarinhos invisíveis: cada um no seu timbre.
Falar da tua voz rouca (uma melodia de arrepios).
Há os graves do teu ritmo. E o gelo do meu calafrio.
Eu tinha muitos versos teus para mostrar nesse fogo
além do oxigênio das coisas… Mais do que um sonho
alimentado pelo cabo de guerra da realidade, pela força
invertida da carne ou por meio do roxo da noite insossa.
Eu tinha de começar pelo começo do aço da minha quilha.
Escrevi os teus poemas de neve, mas nunca li a tua poesia.