Lágrima Inconveniente

Lágrima incoveniente que teima em cair!

Não vês? Ele nem lembra de ti, nenhuma palavra...

Por que teimas em descer à revelia, porque?

A noite é sudário de sentimentos vazios.

Se por acaso morreres pouco importa à outrem,

Deixe de rebeldia, lágrima rebelde, inconveniente!

Acaso Siroco traz chuva quando no Saara sopra?

Quente e seco, há tempos trabalha em silêncio...

Os ventos trazem a sabedoria da solidão árida,

Aquela que se basta, não obstante mover continentes.

Fúria invisível que fertiliza, aniquila, refaz, reúne e separa.

Mas a lágrima... esta é pior que o vento. Não cessa.

Inutilmente permanece desafiando a razão e bom senso.

Tolo lamento perdido, lágrimas ácidas pelo tempo.