O lugar está bagunçado
No meu quarto
Ventilador desligado e mal humorado com um olhar calado, me olha
Drumond posto a leitura,
Sentimento do Mundo é a (cura) a obra
O cigarro apaga, me trazendo um suspirar descontente
A musica muda, a batida me desconcentra
Sidarta me olha como quem medita e espera por resposta
O isqueiro está longe
E a vontade de fumar a fio
Pegá-lo é um desafio
A nova melodia a ressoar, tem um cantar que leva a viajar no ar
O meu concentrar ...
O isqueiro eu peguei
O beque eu fumei
E agora voltei!!!
Cinzeiro no colchão
Celular carregando com o som tocando
Nirvana é o que está rolando
Com pensamentos de momentos passados me atormentando
O espelho no banheiro reflete o que não posso ver
E o lápis não quer mais escrever
O reflexo do meu sofrer
A água que bebo para molhar a boca e saciar a sede, seca rapidamente
Causando assim, a necessidade de mais
A batida no ar me anima
As ondas viajam até mim e me viajam junto
Aceito a deixa e me entrego a um balançar que me leva a parar com aqui. ...
Voltei!!! Agora só os pés vão ficar no agitar
Cartão de banco também no colchão
Fone de ouvido entrelaça o Carlos, em cima do Andrade
O lápis volta a falhar.
--Você deveria digitar!!! É o que ele veio me falar.
O travesseiro não confortável nas costas, a incomoda
Lá fora, agora, eu não sei o que rola
Mas aqui no presente, o tempo ausente é o que se sente
Um chiado da caixa de som se mistura a bagunça
Que se completa com uma, duas camisetas azuis no chão
E uma também azul na porta
No banheiro, algumas coisas que não consigo ver
Barulhos lá de fora se aumentam com o baixar da música para uma transição de batidas
Agora a Malandrinha Está Na Minha, Edson me faz companhia
Virei a página do caderno
Ouça! ...
Pessoas conversam lá fora
O portão se abre, eu paro e olho ao redor, ouço e volto
O estômago apresenta um leve desconforto faminto
Há mochila na mesa, sanduicheira, livros, camisa, besteiras...
O lixo no banheiro apareceu
Eu mudei o meu campo de visão
Ampliei o meu horizonte
Uma dor de cabeça me atormenta, intensa e sem pressa
O remédio não cessa
No teto do guarda roupas uma maleta com fichas de poker mal usadas, uma caixa, brinquedos, sacola...
Nas paredes do quarto, o tom de amarelo dominante se quebra com o surgir de uma cortina avermelhada, dotada de um vermelho forte escuro, que se prosta a frente da janela
Impedindo a visão de quem passa lá fora
E o entrar inconveniente do Sol
O sol não me faz bem
Mas no seu amanhecer e no seu entardecer
Eu o aprecio ver
Aplausos no fim da música
Nova música, mesmo Gil
Agora fugindo para um tobogam com alguém
Que não sei quem
Você emergiu
Do meu museu de momentos sombrios
Vividos e esquecidos
Agora revividos e repetidos
Me deixando mais perdido
Quem não deixa escorrer ficará preso no sofrer
Tento me convencer
Mas com a canção a tocar
No meu pensar me perco e logo vejo você
A me encantar em um provocar
Que me faz fortalecer,
O que irá acontecer