AÇUCARADA ALEGRIA
Deixei o vento enferrujar pra ser feliz
deixei toda verdade fugir num triz
abortei meu legado.
Foram milênios de vida
certezas na vala corrida
o sonho apunhalado.
Nunca desisti do novo chão
nasci já feito, meio ancião
sangue amordaçado.
De repente vieram atalhos
refiz Deus em frangalhos
todo céu amedrontado.
Fazer versos emociona
castiga, afronta, destrona
laço menos afrouxado.
Esqueci pra onde fugia
abafei o que mais sofria
só pra ficar alforriado.
Acabo essa ladainha
que açucarada alegria
que escritor abençoado.