FONTE...

Do alto das cordilheiras

Do meio da mata, dos montes

Na alma das corredeiras

Dois olhos veem horizontes...

Eu venho das ordens ordeiras,

Mas eu conheço "aquerontes"

Nas quedas sou cachoeiras

Num véu cobrindo as frontes...

Dos montes conheço a alma

Das cordilheiras seu cume

Dos horizontes a calma

Do amanhecer o seu lume...

Depois que nasço na palma

Da terra às mãos do costume

Perfume da flor me acalma

Das margens surgem volume...

Se deito sigo em meu leito

Se caio em queda me espalho

Sinuosa sempre eu respeito

Desvios, busco um atalho...

Do tempo livre me valho

Sinuosamente aceito

E sinto gotas do orvalho

Em luzes dentro do peito...

Sou pura em meu borbulhar

Na minha pele de "Helena"

Sou mansa, sou despertar

Da música, a mais serena...

Partindo ao som d'uma avena

Com cantos me acrescentar

À frente encanto me acena

Num sonho pra ser um mar...

Assim começa a jornada

Da minha mais simples vida

Matando sede à manada

Regando as vinhas benditas...

Se chego em vala manchada

Com a pureza perdida

Na foz em graças louvada:

"Ó fonte quase esquecida"...

"Diamante líquido pra vida!"

Autor: André Luiz Pinheiro

22/06/2019