CANTOS

I CANTO

Noite suave

Vende-se um desejo morto

De cobiçar o amor e o amor

Mais fácil de vender

De comprar

A prata e o ouro do corpo

Nu, dançante...

Melancolia do objeto em si

II CANTO

Devassei o teu sorriso num instante

Mas sonhei que eras lua

Estrela, neblina...

Meus passos já se perderam

Não há paixão fora de mim

Sozinho, já perdi o chão

O chão que era meu

Porém, já o perdi

Sem qualquer intenção de perdê-lo

III CANTO

Paisagem é febre e fome

É rosto magro e sedento

É amargura sem fim

É a minha visão pessoal

De tudo o que está aí

Penumbra é paisagem viva

É chuva molemente caindo

É amor, apenas, confuso.

IV CANTO

Toco o meu violão sem corda

Para você que não aparece à janela

A minha voz calada

Canta um amor vazio

Que sinto só

V CANTO

Passos para todos os lados sem intenção de chegar

Só a rua calada

As luzes apagadas

A paixão desenfreada ladeira abaixo

E eu nem ouço voz alguma

Minha ou de ninguém

Fugindo da noite infinita

A lua cheia de mágoas

Não a lua, meus olhos é que estão cheios

Dessa mágoa sem amor

Porque fugiste de mim

VI CANTO

Perco-me na curva da estrada

Com medo de tudo

Com fome de nada

VII CANTO

A noite, o poeta, o amor são apenas

Rascunhos de nenhuma verdade

João Barros
Enviado por João Barros em 27/06/2019
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