A HISTÓRIA PELO AVESSO

Fatos e documentos não ensinam o tempo,

Apenas alimentam ilusões historiográficas.

Já o devir não é humano,

Não é teleologia.

É a imprecisão do múltiplo,

Da natureza e das pulsões.

A história não está nos arquivos

Que sacramentam silêncios

Em banal iminência.

Ela está no corpo que definha,

na paisagem que passa,

Inventando vestígios

E alimentando imaginações.

A história é a impertinência do intempestivo.

É o que dura

E o que através de nós persiste.

É tudo aquilo que não é humano

Mas através do homem existe

No virtual da memória e do porvir.