TERMINAL

A dor de tão intolerável

é insondável.

É pantanoso padecer dela

e penoso entender

sua impotência.

Envelhece-se na existência

como quem patina

em pedregulhos.

Insuflada como toda

uma dimensão

a ser explorada.

Estou esgotado,

não disponho de tempo

nem paciência

para cotejos.

O tempo urge e a vida

deve ser lida

como páginas,

viradas com rapidez.

Estou sem orientação,

a aproximação de alguém

é válido e suportável.

Sendo realista,

parece não haver

mais jeito,

sou um ser diferente.

Não suporto

a pachorra da morte!

Abstraio-me

dos aspectos práticos,

quase incontroláveis.

Aguardo

um reconhecimento,

as diferenças

que deveriam ser levadas

em conta.

Os lampejos, os deslizes,

as evasivas,

os extravasamentos,

as extravagâncias,

os circulóquios.

Há também, os atalhos,

as retas que encurtam

meandros;

os excessos de concisão;

os requintes;

as substituições

deliberadas;

as decisões malsucedidas.

Não, não se sabe

se haverá tempo

para tanto!

p.s.: poema feito em homenagem à uma amiga levada pelo câncer em 2006.

alberto madonna
Enviado por alberto madonna em 25/09/2007
Código do texto: T668257
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