DETALHES IMENSURÁVEIS
DETALHES IMENSURÁVEIS
por Juliana S. Valis
O que é o valor que se atribui às coisas
Senão a extensão da subjetividade do mundo
Diluída em inúmeras projeções de egos humanos ?
E, assim, muito pode ocorrer enquanto pensamos
Ou sentimos sobre um fato externo ou corriqueiro,
Enquanto outras pessoas sonham, param ou correm
Entre tantas histórias do outro lado do mundo,
Simultaneamente distantes e, paradoxalmente, próximas...
Assim, muito ocorre enquanto calamos,
Enquanto corremos ao acaso, ao trabalho,
Ou quando nos xinga um mendigo, ao semáforo,
Por não termos trocado a entregar,
Ou quando, ainda, pedimos ajuda
E ninguém simplesmente nos ouve,
Talvez sejamos, por um instante, invisíveis,
Inacessíveis aos valores de um mundo
Que tudo cobra, mas saberá ofertar ?
Quem atribui valor às coisas e aos fatos
Terá, em si mesmo, algum valor absoluto ?
Um quadro que não valia nada,
Séculos depois, pode valer milhões;
Uma obra, antes menosprezada,
Décadas depois, torna-se "genial",
O que, antes, era um nada
Pode tornar-se tudo
Pela grande especulação mundana
Entre suas projeções incertas...
E, assim, caminhamos em frente,
Por vezes, exigindo a perfeição dos outros,
Que nós mesmos não temos,
Sempre dizendo que não temos tempo,
Nessa anônima marcha das horas,
Sonhando entre detalhes imensuráveis
De tudo aquilo que não tem preço.
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