Andar por aí.

Hoje quero acordar mais cedo

Quero assistir o nascer do sol.

Quero sorrir com o canto dos pássaros,

Quero sentir as últimas gotas de orvalho cair.

Quero desligar-me do mundo!

Da política e da economia, quero por um tempo viver para mim.

Não quero pensar na humanidade, tão pouco ter saudades,

Quero andar por aí.

Sentir o cheiro do campo, dos eucaliptos e flores silvestres.

Quero andar lentamente, e sentir o universo,

Fazer castelos na areia, sonhar com riachos e sereias,

Olhar o infinito azulado que surge tímido, meio ao horizonte amarelado.

Hoje não quero comprar, não quero pagar, nem mesmo emprestar.

O necessário está à frente, no brilho do olhar mais profundo,

Falar não preciso, ouvir já me basta, contemplar faço-me obrigado.

No mais íntimo da alma quero andar por aí.

Tocar a face do vento, beber a água na nascente,

E quando já enfadado de viver o egoísmo excêntrico,

Quero a rede mais aconchegante à sombra da paineira

Dormir, soltar a mente, fazer-se demente ao corre-corre da vida.

E sonhar, e sorrir e assim dormir, e eternamente dormir

Paulo Sergio Barbosa
Enviado por Paulo Sergio Barbosa em 24/06/2019
Código do texto: T6680907
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