Andar por aí.
Hoje quero acordar mais cedo
Quero assistir o nascer do sol.
Quero sorrir com o canto dos pássaros,
Quero sentir as últimas gotas de orvalho cair.
Quero desligar-me do mundo!
Da política e da economia, quero por um tempo viver para mim.
Não quero pensar na humanidade, tão pouco ter saudades,
Quero andar por aí.
Sentir o cheiro do campo, dos eucaliptos e flores silvestres.
Quero andar lentamente, e sentir o universo,
Fazer castelos na areia, sonhar com riachos e sereias,
Olhar o infinito azulado que surge tímido, meio ao horizonte amarelado.
Hoje não quero comprar, não quero pagar, nem mesmo emprestar.
O necessário está à frente, no brilho do olhar mais profundo,
Falar não preciso, ouvir já me basta, contemplar faço-me obrigado.
No mais íntimo da alma quero andar por aí.
Tocar a face do vento, beber a água na nascente,
E quando já enfadado de viver o egoísmo excêntrico,
Quero a rede mais aconchegante à sombra da paineira
Dormir, soltar a mente, fazer-se demente ao corre-corre da vida.
E sonhar, e sorrir e assim dormir, e eternamente dormir