Dor e Solidão
Nunca fui multidão, meus braços não abraçam
Se por fora sou assim, solução, forte, saudável
Por dentro um deserto em mim, um seco oásis
E se você não sabe o que quer de mim, paciência
Nunca fui muito normal, há loucuras no meu coração
Procuro lugares calmos, procuro pessoas com alma
E já nem sei se há necessidade de sofrer em vão
E se eu preciso ter memoria, histórias, tesão
Nunca fui de ter soluções, casa cheia, amigos irmãos
Desconecto-me das lembranças, das ilusões apaixonadas
E não me desespero tão cedo, gosto do gosto das madrugadas
Se o amor é uma cilada, caio sempre nos teus laços
Nunca me traga nada que tenha muita razão
Sou raso para as dores dos olhos, sou meio solidão
Muita coisa ainda gosto de sentir na areia da pele
Então não faça promessas por mim, por ninguém
Nunca desça até aqui, sempre vá até o fim
Lá tem começos, lá tem ternuras, terras novas
Uns risos cheios de paz, cheios de um dia a mais
Mas ame com todos os seus esforços, e seja livre, livre-se
Milton Oliveira
24jun/2019