Sim, amei

Sim, amei

Por que temes me tocar e não me queixo

Por que foges de beijar-me, se te quero

Se te quero com defeitos, pois te amo

E te amo tanto assim que não te deixo

Se te furtas de me olhar quando te olho

E te negas a sorrir quando sorrio

Por que sim é tão difícil quando peço

E ainda insisto alimentando este vazio

Pois me recuso a perceber o que passou

Usando as cores do passado no futuro

Só enxergando o colorido que restou

Mas me negando a desenhar o que procuro

Por que insisto em desistir por tantas vezes

Do ser que existe embaixo desta fantasia

Se a luta havia, pela vida, se esvaído

Já duvidando que outra vida existia

Por quê? Pergunto, assim, de coração aberto

Por que me tratas mal fingindo que ignoras?

Por que me sinto da altura de um inseto

Se poderia bem pisar-te sem demora?

Esqueça as lágrimas que, sei, não te incomodam

E jamais viste, mesmo, os rios que chorei

Na solidão das horas em que mais doía

A covardia de aturar quem tanto amei.

D.S.