A LÁGRIMA DO PRANTO
Poema de:
Flávio Cavalcante
I
O peito ainda está em pranto
As noites doces têm sempre amargor
Nem os pássaros escuto mais seu canto
Até a vida já não tem o mesmo valor
II
As flores não são belas como antes
O temor parece meu maior companheiro
Vejo a lápide como a lua cheia de diamantes
Nos sonhos, correntezas e à deriva um veleiro
III
Sementes germinadas já doentes e putrefatas
Caminho de fogo, acúleo e muito pedregulho
No horizonte a beleza sem belezas sensatas
A poça da lama que eu bebo e mergulho
IV
Confusa pauta sem nenhuma descrição
O sonho que traz a esta realidade
Um barco ancorado no cais do coração
Esperando que desça a profunda saudade
V
A lágrima é como a ferida que arde de dor
Desde aquele momento que você partiu
Andei até esquecendo o que é ter amor
E a minha alma jorra o pranto e jamais sorriu
(Poema dedicado aos meus saudosos pais)