Homem-Planta
Quando fui planta
bebi o orvalho da manhã
e o sol desorvalhou minhas folhas
antes de pousar a borboleta
que foi casulo, foi crisálida
em meu caule foi transmutação
vida simples complicada
em plena transubstanciação
e o colibri apaixonado
deitou sua sede em meu pólen
voou suas cores no céu
que num ribombo trovoou;
caiu a chuva
gotículas celeste do firmamento
germinou as sementes espalhadas pelo vento
e eu, alma de natureza
e eu, coadjuvante da calmaria
que invadiu o coração
que despetalou o coração
da flor tolhida que foi colhida
e oferecida n’alguma oração...