BAUNILHAS

Enfrento a calçada velha na pegada pequena da aurora.

Foco nos chinelos e no silêncio dos carros que manobram

ao lado. A manhãzinha é uma dádiva infinita de cheiros

frescos, das lavandas doces das meninas e dos azulejos

brancos pintados em azul nos bares antigos. Leio na rede

esta pergunta: por acaso, poesia também é literatura?

Quase morro de tanto tédio: o que são coisas absurdas?

Estou aqui e ali e ubíquo bem no meio da noite indiferente.

O tempo hoje viajou rápido pela ampulheta fria de algemas.

Respiro fundo. Sinto o lúgubre da rosa. E o cravo do poema.