Autorretrato de um sentimento
Permiti o crescer
De asas às minhas
Sigilosas confissões,
Abri uma pequena
Brecha na gaiola
E vi-as migrar até
Os corações que
Anseiam e receiam
Pelo saber de suas verdades.
Não tive medo,
Não foram derramadas
Lágrimas quando
Tive a certeza deste
Mais um adeus.
Acostumara-se eu
A aguardar em meu
Porto de paciência e fé
Que um dia algo
Voltará a mim neste horizonte.
Pois de mim abdiquei
Somente a conclusão
De minhas respostas,
Que apesar de serem
Frutos de incerteza,
Foram as partes
Mais reais e queridas
Que já guardei em mim.
Aprendi com o céu
Que nem estrelas
Terão a benção de
Eternamente serem
Faróis acesos às
Almas desamparadas
No ápice de cada
Noite amargurada.
A cada pincelada
Que dou na imagem
Desta peculiar
Paisagem que vejo
De olhos fechados,
Escarlate em sua
Cintilância assim
Assim como a
Despedida de uma tarde.
Tirando-me palavras
Para descrever racionalmente
O que está contagiando,
Espalhando e dominando
Entres chamas e frio
De cada sentimento indeciso.
Fazendo-me reunir forças
A começar tudo de novo,
Dar início após a perda
Incontrolável e imensurável
Que aceitei como
Justa consequência
A atos que nunca fiz,
Mas que sonhei nas
Páginas de minha fantasia
Invejada pela realidade.
Implicando com
As algemas de cada
Conformidade de
Justificativas incoerentes,
Quebrando o padrão,
Revolucionando minhas
Ideias e conceitos
Contra a minha própria
Mente ditatorial.
Deixando-me saber
Que haverá um
Concreto fim
A minha odisseia
De arcos inacabáveis,
Histórias não resolvidas
E mistérios impossíveis
De serem solucionados.
Um dia fará bem
Mais sentido do que
Vejo, escrevo
E desenho como
O autorretrato do que
Sinto sem as
Ordinárias hesitações.
Um dia saberei exatamente
Em qual dos lados
Me definirei em certeza.
Virá algo até mim
Que excederá em
Todos os sentidos cada
Fragmento de expectativa.
Estarei até lá
No olho do furacão,
No centro onde orbitam
As palavras de meus versos,
Na razão de ilusões
E confusões,
Sendo o criador
E o demolidor de todas elas.