CONSCIÊNCIA
Eu, às vezes, sinto na sola dos pés a terra ficar árida.
Não sei se por proteger as solas com muita seda,
elas se tornam enfadonhamente sensíveis.
Confesso que não me agradam os resultados de muita seda.
Então, lá do alto, surge um safanão,
Que me diz para tirar as chinelas
E sentir o choque da terra nua
Trincar a pele até calejar.
Só depois do gosto áspero da poeira, só então,
Olhar para o infinito e dizer, enfim,
Eu sei onde estou e quão pouco sou.
Aprendi com cada corte no calcanhar
A reconhecer o poder de toda e qualquer lâmina,
Para ter o direito de voltar a calçar proteções nos pés.
E não me esquecer do aço das pedras
Tampouco dos olhares à beira da estrada.
Dalva Molina Mansano
20.06.2019