Eu encho o saco da Lua
Mas hoje ela está especialmente linda
Ou seria o frio tropical?
Ou seriam as nuvens de inverno?
Eu tento senti-la
Mas eu já sinto tanto...
Me preocupo mais com a loucura humana
Queria celebrar mais a Lua
Sentar na escada do quintal
Ou no banco da rua
Rezar pra essa morte branca
Sentir o seu céu
E as minhas lembranças nuas
O passado que está sempre no presente
As caminhadas que já se foram pra sempre
A dor de ser mais autoconsciente
Eu desabafo com a lua
E ela se cala
Iluminando o meu pulso
De poeta tardio que eu sou
A tristeza é a indiferença do universo
Que sentimos com os olhos abertos
E a alegria é a dourada possessão
Das coisas, e dos versos
Em que tentamos confiar nossos ecos
A um coração
sem mãos