Na noite que não morri
Na noite que não morri
Acendi uma vela para São Luiz,
Outra para São Pedro e São João,
E também São Cosme e Damião.
Outra para São Carlos e São Benedito,
E mais uma para Santo Expedito,
E outras e outras e outras e tantas
Para todos os anjos, santos e santas.
Não sei quantas velas acesas,
Queimando em cima da mesa,
Tantos fósforos queimados
(Diria meu pai: dinheiro rasgado!).
Foram feitos pedidos tantos,
Que preferiram todos os santos
Me chamar a confabular no Céu
Antes que se criasse um escarcéu.
Então descobri peremptoriamente
Que morri numa noite, e justamente,
quando jurava que não morri.