Minha criança

Eles odeiam a minha criança

Que eu não pari no útero

Que eu não embalo no colo

Que eu sinto no pulso

Se sou eu, de um passado sempre tão próximo

Odeiam sua imaturidade

Sua inocência

Sua necessidade de apenas viver

Sua curiosidade

Dizem que é indecência

Sua incapacidade de crescer

de independência

Livre, dentro dos meus sonhos,

junto com os meus ideais

E para piorar, o meu eu, profundo,

De filosofia

Aí não tem como eu caber neste mundo

Sobro com as poucas nuvens de um céu azul

Ou embaixo das ruas frias

ao lado das marginais