Marcas
Como se arrastar em areia
Sem deixar marcas na jornada?
Sangue não corre por minhas veias
Quando me deparo com o nada
Então eu sorrio para o acaso
Sem ironias em meu semblante
O sorriso torto, impuro e raso
É o que me unge neste instante
Todos sabem seus lugares
E eu fiquei o tempo todo de pé
Sóbrio em todos os bares
Estático em qualquer maré
Como se tira da alma a escuridão?
Sem deixar marcas e cicatrizes
Daqueles que me deram o coração
Acreditando que eu ia fazê-los felizes
Então choro quando respiro
Minto quando digo que inspiro
Forjo um sarcófago para minha mente
E ironizo tudo o que você diz que sente
Muitos correm o percurso da vida
Achando que alcançarão os seus valores
Já eu desisti da minha própria corrida
Quando fui dominado por meus temores
Sou feito de barro, sangue e tinta
Sou tudo o que você quiser que eu sinta
Mas nunca serei capaz de me recuperar
Ao saber que nunca achei o meu lugar
Guilherme-