ecos

Minha mente

Meu calvário mais íntimo.

Estou exausto.

O silêncio

Fala comigo em mil línguas

Todas elas em meu vazio sozinho

Línguas secas,

Em uníssono

E desafinadas cantam:

Obedeça a cada medo seu

Existem outras vozes em contra-canto:

Persista, não desista, acredite

Você pode ser bem melhor em desistir

Elas dizem, dizem e dizem: inútil!

A imaginação voa alta

No peito vazio em combustão,

Um balão num céu sem estrelas

Sem nuvem, sem a noite, sem luz

E toda vez que me vejo quieto

Me vejo bem onde deveria nunca ter saído,

A ausência.

Enquanto vozes baixas de redenção

Falam baixinho: apague a luz,

Há um escuro que é puro silêncio.

São vozes, são ecos

Minha mente

Meu quarto

escuro.

Quando sair, por favor,

Diga em silêncio

O que não viu

E encoste a porta,

Sozinho.

Fernão Bertã
Enviado por Fernão Bertã em 15/06/2019
Reeditado em 19/06/2019
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