Elegia
para não falar do mar e deste vento que lambe minha pele
trago este canto triste
de pássaro abatido em pleno voo
e a sensação das frutas que caem para morrer.
nos meus olhos há mais nuvens que sóis.
quem segurará este coração cheio de fantasias e solidão?
tudo em mim é solidão.
quem me lê
não sabe que sou rio represado, sem esperança de mar.
estou cansado de poesia:
queimarei meus versos
e jogarei as cinzas ao vento.
quero estar em todo lugar como uma noite sem estrelas.
não sou quem sou... sou um oceano de mágoas.
quero ser lembrado pela ausência.
para não falar do mar e deste vento que lambe minha pele
trago este canto triste.
à sombra de qualquer árvore distante quero ficar
e ser esquecido!