Ótica

Olhou-me como fosse eu o mais perdido

O mais banido, o mais sem amor

Olhou-me com seu olhar pedido

O que mais me abandonou, sem amor

Olhou-me como visse em mim o puro da dor

O mais esquecido, o mais sem sentido

Olhou-me como fosse eu um dia passado

O feio do lago, o lobo, o mostro, o horror

Olhou-me e fechou o olhar, seguiu em frente

Como sempre me olharam, também me olhou

Sou um número não um fato

Sou um feto, não um ato

Olhou-me como fosse eu um objeto

Abstrato.

Milton Oliveira

14jan/2019

milton antonios
Enviado por milton antonios em 14/06/2019
Reeditado em 14/06/2019
Código do texto: T6672875
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