ACASO
Hoje se eu pudesse sair de mim
eu sairia...
correria por lindos campos, sem que fosse eu, sem que fosse essa carne,
a carne contraída nos ossos.
Se eu pudesse não ser eu, por hoje,
olharia para o norte, onde os ventos não movem...
cairia na imobilidade, na plenitude, na contemplação do que já fui.
Se eu não fosse eu, por um dia, apenas um,
voaria pelos céus... existe mais de um?
Tentaria descobrir, se eu não fosse esse, esse aqui, de agora.
A impossibilidade de não ser eu, de ser limitado a carne, a matéria, ao sangue,
essa sensação barulhenta dentro de uma cabeça congestionada,
poços poços poços poços
lama lama lama lama
acordei
sou eu
acordei em choro e desespero.
A insuportável leveza de se ser. Eu.