aurea mediocritas
Não se apresse, não se assombre, menina
Ainda é manhã
A noite 'inda nem intenta curvar-se em hóstia de revelar-se ao horizonte sem fim
Você, criança férrica
Tuas mãos telúricas dançam sem
Dever e causa.
(Não procure coisa que não há)
Teus dedos são livres: não tombe-os vencidos
Inteiramente livres e soltos e leves para que
Leves neles o que quiser queira.
Não precisa escrever o mais belo dos poemas
O céu doirado alvorece apenas
Ainda a aquarela floresce em seu prelúdio.
Tens o tecido vespertino e o véu do crepúsculo sob o oceano infinito de anil-marinho e estrelas que repousam
em um sonho celestial como este que agora sonhas
em calma potência sob estes seus mesmos pés
(Ainda que tens a vida para escrevê-lo não
deixará ele ou tu de Ser se não escrevê-lo).
A rotação do corpo, você fleumática
que cria sempre a morte e vida
É um eternum rodar-se em torno de si.
O fim dá-se no instante em que o retorno sublima o começo.
Acalma, criança
Deixa esse canto só e
canta em ciranda com teus iguais
Que nessa vida não deves nada
Que nessa vida o que deve é viver.