aurea mediocritas

Não se apresse, não se assombre, menina

Ainda é manhã

A noite 'inda nem intenta curvar-se em hóstia de revelar-se ao horizonte sem fim

Você, criança férrica

Tuas mãos telúricas dançam sem

Dever e causa.

(Não procure coisa que não há)

Teus dedos são livres: não tombe-os vencidos

Inteiramente livres e soltos e leves para que

Leves neles o que quiser queira.

Não precisa escrever o mais belo dos poemas

O céu doirado alvorece apenas

Ainda a aquarela floresce em seu prelúdio.

Tens o tecido vespertino e o véu do crepúsculo sob o oceano infinito de anil-marinho e estrelas que repousam

em um sonho celestial como este que agora sonhas

em calma potência sob estes seus mesmos pés

(Ainda que tens a vida para escrevê-lo não

deixará ele ou tu de Ser se não escrevê-lo).

A rotação do corpo, você fleumática

que cria sempre a morte e vida

É um eternum rodar-se em torno de si.

O fim dá-se no instante em que o retorno sublima o começo.

Acalma, criança

Deixa esse canto só e

canta em ciranda com teus iguais

Que nessa vida não deves nada

Que nessa vida o que deve é viver.

Nicolle Ramponi
Enviado por Nicolle Ramponi em 11/06/2019
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