FEBRE ALTA
Quero você além da fêmea, mas é ela que arde
na temperatura alta dos meus sonhos na tarde
da terça solitária. E o seu mapa macio de carne
está por todas as partes. Nas paredes do quarto,
na sombra da árvore e nesse vento seu feito raio
que acende o fogão dos miolos. Vejo a sua imagem
e os seus sins pela casa e entre a toalha que escapa
da âncora no vão de seios absolutamente imediatos.
Vou abusar dos seus lábios. Em dois longos pedágios.
Nos de cima mil beijos língua a língua; e nos de baixo,
mais mil, língua e clitóris. Língua e virilhas. Nó de asas.
Morro sete vezes sobre o travesseiro. Um riacho na vala.
No paraíso silencioso que se instala, sopro no seu ouvido
o bafo do mais libidinoso compromisso: eu, você e o infinito.