Versos do Ideal
Não quero o verso mofado
do livro esquecido na estante,
Não quero o verso amarelado
e guardado dentro do velho paletó,
Não quero o verso petrificado na
minha lápide tumular,
Não quero o verso que lisonjeia
o ego dos idiotas.
Quero o verso que suscita a crítica
e o diálogo,
Quero o verso que induz nos homens
a arte de sonhar,
Quero o verso que encanta o mundo
e faz brotar o canto,
Quero o verso que contém asas,
Devaneios súbitos e amores eternos.
Não quero o verso que acomoda o idealismo
nos homens que sonham,
Não quero o verso que sufoca a esperança
dos homens que ainda pensam,
Não quero o que rouba a paz dos pacificadores
diante de um mundo que vive em guerra,
Não quero o verso que faz apologia aos demagogos
e sufoca a voz dos pregoeiros da verdade.
Quero o verso que excita o verbo amar e
que tenta sempre traduzir a palavra saudade,
Quero verso de um poeta sóbrio de palavras
mas ainda louco perante homens sem loucura,
Quero o verso da noite fria, carregada de inspirações
noturnas que faz ecoar a canção dos notívagos,
Quero sim, os versos do ideal que verbera as injustiças
e que proclama a liberdade.