Fundo falso de uma linha
falar de um abraço que foge como o dia que sobe inundando as cortinas, ruas, casas, janelas e vitrais que possuem a mesma relação com a véspera de um sorriso teu. oceano interno, cabelos negros que crescem. olhos que reconhecem os meus, milhões de frases em pleno ar e tua pele que se dilui em pão e vinho. música sem violino, alma da cor do azulejo primeiro. a postura da cozinha onde os segundos correm como se o relógio travasse. pela estrada afora minha alma voa cobrindo o asfalto, a saudade com o dedo no gatilho sem disparar, aguardando uma unha que traga um pouco de vento a tarde que não finda como um demônio sossegado no inferno ou a intuição dos teus lábios em meus beijos, hino e benção, sem conservantes no desejo de um poema caçando uma noite que empreste os olhos para semicerrar palavras rompendo o pacto do fundo falso de uma linha...