Aos berros
Canta a cigarra no canto do quarto!
Com a boca livre estoura o silêncio
Num tom desafinado!
Como um bicho simples, miúdo
Tem tanta força na fala?
-indago-
É inútil ignora-lo!
Quem dera fosse apenas um suspiro...
Fincou os pés no escuro anonimato,
Ecoa por todos os lados!
Canta a cigarra no canto do quarto,
Assombrando a tranquilidade.
Num grito tão alto que já me confunde
Se é interno ou externo.
A madrugada passava leve...
Com sua chegada tornou-se pertubadora!
De forma egoísta quem me dera
Se eu pudesse brindar a sua morte
e enfim calar-te a boca!
Canta, no canto do quarto há uma cigarra que canta!