MIRANTE
No alto do morro,
ergo um monumento ao Tempo,
indelével, permanente,
construído com as pedras
dos caminhos percorridos
na lentidão dos dias sem idade.
Deixo portas abertas ,
por onde outros peregrinos como eu
possam entrar livremente,
renovando recordações
e acrescentando-lhes detalhes,
amadurecidos em palavras-cheias.
Acendo velas nos quartos,
para que acrescentem brilhos dourados
á intensidade dos seus olhares,
se falarem de amor.
Estendo tapetes persas,
para que acolham suavemente
o regresso dos seus passos,
abafando o cansaço.
E acrescento portas fortes,
por detrás das quais
só se escutem silêncios,
no decorrer das histórias que possam contar.
Com tudo pronto,
parto eu pela poeira dos caminhos...
Setembro 2007