ENQUANTO ESCURECE.

Às vezes, me distraio

Enquanto escurece

Descola-se de mim a alma

Vencida, cansada, perdida

Vagueio sem rumo

Ao encontro do incerto

Às vezes, enquanto escurece

Ouço com classe, o chorar

Das notas, do preto no branco

A soar melodias, do clássico piano

Em toques suaves, de ágeis carícias

E me deito em nuvens de leve algodão

Às vezes, quando me distraio

Corro atrás de mim

E sigo a ventania, e tento voar

Mas me perco e fujo do encontro

Mergulho no escuro

Tentando me achar

Às vezes, na dor da saudade

Retorno pra mim e tento orar

Bobagem, pois tentando orar

Eu só rezo você

Sua ausência preenche o meu vazio

Quando, às vezes, escurece e eu me distraio.

Elenice Bastos.