IRONIA POÉTICA

O poeta finge que é visionário

Fingida visão no seu ‘planetário’

E o leitor acha hilário

A visão fingida do bom “ordinário”.

Poeta “louco”.

Finge que ver

Finge que sabe

Finge que prever

Finge que o fingimento cabe.

E se alguém vê o poeta na poesia

O fingido poeta o atingiu.

Fingindo que sente

Torna-se ausente

Na dita dor

E o pobre leitor

Acaba sentindo

O que o poeta não sente.

O poeta é mesmo um voador

Voa nas “asas” do riso e da dor

O poeta é mesmo um fingidor.

E quando enfim

Fala sentindo...

O leitor não sente

A sua pobre dor.

Quem mandou fingir que era poeta?

Ou é mesmo o poeta, um fingidor?

Ênio Azevedo

Luciênio Lindoso
Enviado por Luciênio Lindoso em 08/06/2019
Código do texto: T6668240
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