IRONIA POÉTICA
O poeta finge que é visionário
Fingida visão no seu ‘planetário’
E o leitor acha hilário
A visão fingida do bom “ordinário”.
Poeta “louco”.
Finge que ver
Finge que sabe
Finge que prever
Finge que o fingimento cabe.
E se alguém vê o poeta na poesia
O fingido poeta o atingiu.
Fingindo que sente
Torna-se ausente
Na dita dor
E o pobre leitor
Acaba sentindo
O que o poeta não sente.
O poeta é mesmo um voador
Voa nas “asas” do riso e da dor
O poeta é mesmo um fingidor.
E quando enfim
Fala sentindo...
O leitor não sente
A sua pobre dor.
Quem mandou fingir que era poeta?
Ou é mesmo o poeta, um fingidor?
Ênio Azevedo