VERSÕES BUMBAIS

Em uma grande Fazenda,

Na margem do Rio São Francisco.

Uma história sinistra entre patrão,

Um casal e um boi de estimação..

Nesse dedinho de prosa,

Quero apenas recontar.

Que Catirina ao engravidar,

Língua de boi, quis saborear.

Pai Francisco, escravo destemido.

Sua esposa quis impressionar.

Mata um boi gordo do patrão,

E não mediu consequências não.

Deu a língua à sua esposa,

Repartiu com toda a vizinhança.

Só sobrou chifres, rabo e o esqueleto.

Isso porque ninguém, deu importância.

Um dos escravos, injuriado,

Por não receber sua doação.

Deu com a língua nos dentes,

Contou tudo ao patrão.

O fazendeiro irritado

Por ter sido enganado.

Ao gado do coração,

Queria já ressurreição.

Chamou pajés, curandeiros,

Pagou penitências meses inteiros.

E o milagre do boi reviver?

Humm! Nada de acontecer.

Francisco e Catirina,

Fugiram para a cidade.

Pra proteger a família,

De uma grande fatalidade

Depois de muitos anos,

Arrependidos pelo crime cometido.

O filho já bem crescido.

Volta à fazenda com seus pais queridos.

Com medo de serem castigados,

O menino logo se apressou.

No rabo seco do boi, sopra fortemente.

Que logo revive, chifrando em frente.

O velho fazendeiro

Não se contendo de alegria.

Perdoou toda a façanha,

Foi festança minha gente, folia.

Essa história inusitada

Em todo Brasil disseminada.

Reúne etnia, poder e tradição,

Cada Região compõe sua versão.

No Nordeste, Bumba-Meu-Boi,

Na Amazônia Boi-Bumbá.

Em todo lugar que chegar,

Contorno diferente terá.

Negra Aurea: 08/06/19 às 10hs.