Rasgue as vestes num pano de guardar silêncio

velhos muros, teu sangue e a cor dos olhos
apagai-vos como uma foice rápida
traga qualquer chuva, uma garra delicada
menor que uma palavra

rouba-me a alma como quem rabisca o sagrado
deixe (só) meu vulto ao redor

converte-me em veneno
quiçá uma assassina ardente
que mata de modo suave
lento... súbito

rogai-me em tua boca
como sinos imóveis
peito em suspensas fugas
... num mundo tão morno
brinque com o verbo e o tempo

traga-me o infinito em golpes precisos
como uma oração cantada
desenhando o pecado
longe do tempo e das horas

como quem sopra o ar e nada vê
porque está olhando com olhos sem firmamento
guarda-me em um par de asas 
no mero abandono de um silencio





Vania Lopez
Enviado por Vania Lopez em 08/06/2019
Código do texto: T6668016
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