Cá onde estou, acesa pelas mãos,
a me esquecer os contornos da realidade,
ardo para um lugar há muito conhecido,
antigo no meu tempo presente
 
Desde às primeiras horas da manhã,
anunciando rosas e rescendendo delírios,
deita-se nos meus olhos de água,
o manto lídimo desse fogo,
e as minhas varandas cheias de abismos
aconchegam, sem restrições,
o assombro dessas sementes embriagadas
 
[ Pois não se inventa de voar,  voa-se !,
quando se retém o azul resoluto às raízes ;
E não se enaltece, não se interrompe,
apenas se vai lavrando a própria carne
até que o sonho adormeça
e a saudade trabalhada às galerias obscuras do pensamento
tenha o seu instante de olhar celeste,
capaz de queimar o terror das semanas ]
 
Porque é assim que vivo,
no azul que não se apaga, não desbota,
azul que nasce sem origem definida
e que dá origem a todas as coisas .







 
DENISE MATOS
Enviado por DENISE MATOS em 07/06/2019
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