Sou morto-vivo [alerta de histeria programada e sincera]

Sou morto

Minha verdade futura

Sou vivo

Sou o zumbi do presente

Do Deus tempo

De-toda-esta-loucura

Que me empurra pra frente

Em direção à minha lápide

Que eu não quero ler

Aqui jaz é o caralho!!

Eu queria viver pra sempre

Mas já estou acostumado, condenado

Todos nós, irmão

Mesmo você, que me odeia

Que se odeia

Que se limita sem querer

Eu quero

Tanto

Que me faz mais mal do que bem

Porque viver na hiper-realidade

É inevitável o pranto sincero por esse desdém

O medo, o peso do universo inteiro

Que eu não sinto no corpo

Mas me deixa cansado de qualquer jeito

Deito como um vampiro oposto

Presa do sol nascente,

inimigo declarado do além

Nasci e agora eu corro

Eu morro

Eu sofro

Porque as minhas poesias se repetem

Como ecos de alma

Sou quase um autômato

E me refiro a você também

Acho

Do alto do meu salto

De pés chatos

E arrogância introvertida

Que eu sou menos que você

Que você é mais que eu

Mais escravo de sua natureza

Que chama de certeza, a melancolia que não tem

O meu juízo não me faz melhor que você

Se vamos todos morrer, abraçados, inconscientes

Se só existe uma luta

Eu não vou deixar legado

De quatro patas

Um corpo ereto

Um outro excesso autoconsciente

Que me chama de pai

Que confia em mim

Que tem seu coração mais perto

Inocente, essa minha criatura hipotética

Meu patrimônio é tudo isso

Meus desabafos honestos, meus devaneios sérios

Minha arte patética

Meu humor amargurado

Doce e azedo narcisismo

Só estou esperando a terra me engolir

Enquanto eu engulo de tudo

E enquanto eu rabisco, não sei o que eu estou fazendo aqui

Só sei que acordo cedo e que eu busco fazer, porque eu sinto, muito