O QUE IMAGINO SINTO ANTES DE ESCREVER
O que escrevo sinto antes com a imaginação.
Todo poeta nasce meio torto,
com sorte alguns conservam uma das asas.
Eu sou o som de uma estrela morrendo,
brilho ofuscante que já não existe mais.
Pulso encarnado vivo. Enquanto isso durar espelho a eternidade,
centelha concentrada. Sei que por isso escrevo, quem lê é feito de luz
unificamos fios na trama. Nesta asa somos nós voando.
Alcançar a realidade nada tem com isso, sou poeta e a realidade não existe. Mais e maior é o mito que guarda unidade sendo partícula, parte do mistério não dito.
Tudo está desintegrado sem conforto desde a origem.
A nossa consciência expande domínios para não se sabe onde. Mas é bom se tudo está conforme. No desaterro da existência me sinto amparado porque minha palavra caminha, vem da Andaluzia, é palavra andarilha.
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Baltazar Gonçalves