HÁ DIAS____________
Há, ahhhhhh, há!
Há dias em que não estou para a nota ideal,
a pálida frieza e a divina comédia
que incita a multidão em marcha...
Há! Há... Há sim! Dias em que a polidez
não me inspira
e à palheta dos bons modos eu caio fora!
Há dias em que eu me isolo,
a cabeleira solta e
onde os olhos enlutam me espraio.
Ahhhh, há dias em que a paciência
me abandona
- benfazeja -
caminho entre os espinhos
como quem bruxeleia o perfume da poesia!
Há dias, sim! Há!
Estimada - cicatriz -
e o pensamento corrompido a bebida...
Hummmm... há!
Há o tempo qual ponta de punhal,
de conversa fiada noite adentro e
há no mundo quem afronte o cansaço
para sonhar estrelas! Há!
Há dias de lágrimas sem fim,
de gargalhadas,
de cortes,
da cândica inocência,
do cio e da meninice
que teima viver de luminosos versos!
Há dias de face gentil
e turbilhões entre as mandíbulas,
do tombo e do corpo que salta e,
de pronto,
voo!
Ah, há! Dias que incitam a blasfêmia
e que exclamam preces e aos pés do universo.
Há dias de untuosa compostura e
de jogar para bem longe os sapatos
e a luz da lamparina a risada gutural
no ponto da embriaguez.
Hummmm... Há!
Benditos sejam!