ANJO DE LUZ
Conto de:
Flávio Cavalcante
Conto de:
Flávio Cavalcante
Pra começo de história, eu nem sei se posso tratar esse conto como um fato de uma simples história. O que eu posso dizer é que dói demais uma perda inesperada, ainda mais quando se tem um lar que cada canto de parede passa filme na nossa mente como se tivéssemos ainda a esperança de chegar em casa e encontrar bem ali, na varandinha da casa, brincando com seus brinquedinhos ainda distribuídos desorganizadamente como sempre havia deixado.
O minúsculo banquinho de praça que eu dei no seu último aniversário ainda está no mesmo lugarzinho no centro da varanda. É lá que eu passo horas à fio, sem entender o porquê a vida é tão cruel às vezes. Converso com Deus, pondo sobre à mesa minhas dores e o interrogo se ele deixou de gostar de mim. Faço minhas longa reflexões e incansáveis orações, pedindo a ele que te abrace com o mesmo amor que eu sempre dediquei a ti quando estavas em meu convício.
Ontem mesmo eu estava olhando as estrelas. Cada pontinho brilhante na cortina escura e apavorante. Parece loucura; mas, nunca parei para contemplar algo tão lindo e maravilhoso. Eu jurava que você estava de lá falando comigo e com essa esperança entrei madrugada à dentro com aquele aperto tão profundo dentro do meu peito.
A perda irreparável é bem mais dolorosa do que a perda que se pode reparar. Dormindo hoje com a saudade tive essa certeza da importância de darmos o devido valor às simples coisas que de repetente percebemos o quão elas não são tão importantes. Nunca pensei em entrar em seu quarto e observar cada cantinho desse ambiente que para mim era apenas um ambiente qualquer e quanto era tão importante para você. Até o seu cheiro permanece no ar. As lembranças de momentos aprazíveis que num piscar de olhos deixou de existir.
O seu ninho que eu preparei com tanto amor para a sua chegada, ainda está desarrumado e embolado com todos os lençóis amarrotados em cima do colchão depois da sua partida.
Agora me contento em conversar apenas com as paredes de um lar triste que ontem estava representado por momentos de paz e muita alegria. Caindo agora a ficha nesse meu mundo real e insólito, percebo que o silêncio do quarto guarda profundos segredos e faz doer igual a uma ferida em chagas abertas. A minha alma derrama seu pranto sem descer uma lágrima sequer. A vida parece não ter mais sentido com uma partida nada programada; porém necessária para dar continuidade ao ciclo natural.
O que se pode esperar nesse misto de apreensão e dor? Por que tantas perguntas sem obter resposta alguma? Será que Deus é tão cruel mesmo ao ponto de deixar vir à tona tanto sofrimento que estava trancafiado num baú à sete chaves?
Primeira noite sem o aconchego e sua presença, primeira noite reflexiva, primeiros pensamentos que povoam a mente, tentando visualizar por onde começar a dar o primeiro passo para a próxima jornada.
O sono vai chegando aos pouco e o corpo pede para desfalecer gradativamente, mas a alma insiste em atormentar à noite que parece interminável. Finalmente o corpo não conseguiu resistir e adormeceu, mas arrastou em seus sonhos a certeza de que aquele meu filho virou um anjo de luz e mesmo sem saber por onde andará de agora por diante na nova moradia, de certa forma, ficou muito bem claro que toda a história escrita durante toda a sua existência no plano terreno não foi apenas acaso e toda semente plantada, hoje foi colhido um fruto adocicado de uma árvore frondosa e com bastante sombras. Sinal que toda a existência que passamos juntos, mesmo que por muito pouco tempo, valeu muito à pena.
Deixo aqui minha saudade e a certeza de que um dia nos encontraremos em algum lugar. Siga em paz, anjo de luz. A minha bênção meu filho querido.
O minúsculo banquinho de praça que eu dei no seu último aniversário ainda está no mesmo lugarzinho no centro da varanda. É lá que eu passo horas à fio, sem entender o porquê a vida é tão cruel às vezes. Converso com Deus, pondo sobre à mesa minhas dores e o interrogo se ele deixou de gostar de mim. Faço minhas longa reflexões e incansáveis orações, pedindo a ele que te abrace com o mesmo amor que eu sempre dediquei a ti quando estavas em meu convício.
Ontem mesmo eu estava olhando as estrelas. Cada pontinho brilhante na cortina escura e apavorante. Parece loucura; mas, nunca parei para contemplar algo tão lindo e maravilhoso. Eu jurava que você estava de lá falando comigo e com essa esperança entrei madrugada à dentro com aquele aperto tão profundo dentro do meu peito.
A perda irreparável é bem mais dolorosa do que a perda que se pode reparar. Dormindo hoje com a saudade tive essa certeza da importância de darmos o devido valor às simples coisas que de repetente percebemos o quão elas não são tão importantes. Nunca pensei em entrar em seu quarto e observar cada cantinho desse ambiente que para mim era apenas um ambiente qualquer e quanto era tão importante para você. Até o seu cheiro permanece no ar. As lembranças de momentos aprazíveis que num piscar de olhos deixou de existir.
O seu ninho que eu preparei com tanto amor para a sua chegada, ainda está desarrumado e embolado com todos os lençóis amarrotados em cima do colchão depois da sua partida.
Agora me contento em conversar apenas com as paredes de um lar triste que ontem estava representado por momentos de paz e muita alegria. Caindo agora a ficha nesse meu mundo real e insólito, percebo que o silêncio do quarto guarda profundos segredos e faz doer igual a uma ferida em chagas abertas. A minha alma derrama seu pranto sem descer uma lágrima sequer. A vida parece não ter mais sentido com uma partida nada programada; porém necessária para dar continuidade ao ciclo natural.
O que se pode esperar nesse misto de apreensão e dor? Por que tantas perguntas sem obter resposta alguma? Será que Deus é tão cruel mesmo ao ponto de deixar vir à tona tanto sofrimento que estava trancafiado num baú à sete chaves?
Primeira noite sem o aconchego e sua presença, primeira noite reflexiva, primeiros pensamentos que povoam a mente, tentando visualizar por onde começar a dar o primeiro passo para a próxima jornada.
O sono vai chegando aos pouco e o corpo pede para desfalecer gradativamente, mas a alma insiste em atormentar à noite que parece interminável. Finalmente o corpo não conseguiu resistir e adormeceu, mas arrastou em seus sonhos a certeza de que aquele meu filho virou um anjo de luz e mesmo sem saber por onde andará de agora por diante na nova moradia, de certa forma, ficou muito bem claro que toda a história escrita durante toda a sua existência no plano terreno não foi apenas acaso e toda semente plantada, hoje foi colhido um fruto adocicado de uma árvore frondosa e com bastante sombras. Sinal que toda a existência que passamos juntos, mesmo que por muito pouco tempo, valeu muito à pena.
Deixo aqui minha saudade e a certeza de que um dia nos encontraremos em algum lugar. Siga em paz, anjo de luz. A minha bênção meu filho querido.
Flávio Cavalcante