A disfunção da retina

A escuridão, ah, a escuridão...

Invade meu peito quando estou alheio ao mundo

Invade meu ânimo quando me sinto mudo

É a ausência do existir, mas pra mim ainda pode ser tudo

Ser nada é ser algo? Ou só depende do que corresponde? Está onde?

Pode ser onde minha cabeça se esconde pra evitar enxergar o óbvio

É um acolhimento e alienação, tão doce e tão tóxica

Sentir a distância da realidade paralela ao mesmo plano

Preciso me recriar, destruir a programação binária que desconsidera o ilógico evidente

Seria melhor que essa insanidade humana?

A fuga é tão excitante que me flagrei puro dentro daquele instante

Quero me encontrar nesse escuro incessante, sem vozes e sem aspecto

O que sempre foi fascinante, me pondo em descrédito constante

Eu quero ser isso, e depois de ser não querer mais ser

Viver contemplando as possibilidades sem me prender em nenhuma

A não ser passar despercebido, e ainda sim existir, um paradoxo ambulante

O imaterial materializado na falta de resolução, tão próximo ou distante, talvez nada disso... um alívio tão sufocante!

Sombra Victorino
Enviado por Sombra Victorino em 03/06/2019
Reeditado em 04/09/2019
Código do texto: T6663535
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