A disfunção da retina
A escuridão, ah, a escuridão...
Invade meu peito quando estou alheio ao mundo
Invade meu ânimo quando me sinto mudo
É a ausência do existir, mas pra mim ainda pode ser tudo
Ser nada é ser algo? Ou só depende do que corresponde? Está onde?
Pode ser onde minha cabeça se esconde pra evitar enxergar o óbvio
É um acolhimento e alienação, tão doce e tão tóxica
Sentir a distância da realidade paralela ao mesmo plano
Preciso me recriar, destruir a programação binária que desconsidera o ilógico evidente
Seria melhor que essa insanidade humana?
A fuga é tão excitante que me flagrei puro dentro daquele instante
Quero me encontrar nesse escuro incessante, sem vozes e sem aspecto
O que sempre foi fascinante, me pondo em descrédito constante
Eu quero ser isso, e depois de ser não querer mais ser
Viver contemplando as possibilidades sem me prender em nenhuma
A não ser passar despercebido, e ainda sim existir, um paradoxo ambulante
O imaterial materializado na falta de resolução, tão próximo ou distante, talvez nada disso... um alívio tão sufocante!