Delirante
Saio pela rua sem destino
Afim de dar um tempo
Pela calçada não olho bundas
Deixo o pensamento fluir
Especie de pensamento ambulante
Um carro passa
Imagino o motorista me xingando
Olho fixo para aquela raiva
Quando o carro pára
Espanco
No ponto de ônibus
A menina lê uma revista de fofocas
Ergue a cabeça para ver se o ônibus está chegando
Percebo um corte profundo em sua testa
O sangue escorrendo pelo rosto
O uniforme sujo
Pergunto como se machucou?
Ela me responde: Qual machucado?
Religiosos gritam em nome de alguém
Pegam um menino pelos cabelos
Esfregam o nariz em um livro preto
É por amor!
Amor?
Uma mulher
Uma criança
O cachorro
Pão
Os três com partes iguais
Sem água...
Um santinho de gravata em gargalhadas na outra calçada
Muitos buracos
Dor
Chuva
Um pingo de alegria!