Delirante

Saio pela rua sem destino

Afim de dar um tempo

Pela calçada não olho bundas

Deixo o pensamento fluir

Especie de pensamento ambulante

Um carro passa

Imagino o motorista me xingando

Olho fixo para aquela raiva

Quando o carro pára

Espanco

No ponto de ônibus

A menina lê uma revista de fofocas

Ergue a cabeça para ver se o ônibus está chegando

Percebo um corte profundo em sua testa

O sangue escorrendo pelo rosto

O uniforme sujo

Pergunto como se machucou?

Ela me responde: Qual machucado?

Religiosos gritam em nome de alguém

Pegam um menino pelos cabelos

Esfregam o nariz em um livro preto

É por amor!

Amor?

Uma mulher

Uma criança

O cachorro

Pão

Os três com partes iguais

Sem água...

Um santinho de gravata em gargalhadas na outra calçada

Muitos buracos

Dor

Chuva

Um pingo de alegria!

Eduardo Gamba
Enviado por Eduardo Gamba em 02/06/2019
Código do texto: T6663271
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